Incendies // Análise
- Pedro Mendonça Santos
- 21 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de out. de 2020
Realizador // Dennis Villeneuve
Ano // 2010
Género // Drama, Mistério, Guerra
Classificação // 9:10

Diz a sabedoria cinematográfica que o término ou a entrança de novas décadas trazem sempre grandes filmes. Apesar de já ter sido há 10 anos, vejamos alguns dos filmes que estrearam esse ano: Entre muitos outros, os que se destacaram mais foram, Inception, Shutter Island, The King’s Speech, The Social Network, Black Swan e - o que falo hoje, ‘Incendies’, do realizador Denis Villeneuve, nomeado para Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Dois irmãos gémeos são chamados a satisfazer o último desejo da sua mãe que acabara de falecer. Nawal Marwan (Lubna Azabal), a mãe, escreve duas cartas; uma - contendo o nome de um irmão - é entregue a Jeanne (Melissa Desormeaux-Poulin), a outra - com o nome do pai - é entregue a Simon (Maxim Gaudette). Ambas devem ser levadas e entregues pessoalmente aos elementos que até àquele dia não sabiam da sua existência. A busca pela verdade leva-os a uma viagem ao médio oriente e ao passado aterrorizante e desconhecido da sua mãe.

Numa narrativa não linear e dupla, considerando que o espectador vai descobrindo a vida de Nawal Marwan ao mesmo tempo que os seus filhos, Denis Villeneuve começa o filme mostrando aquilo a que se assemelha a uma escola quase em ruínas num deserto. Ao som de Radiohead e em câmera lenta, vemos alguns homens armados cortando o cabelo de várias crianças. O olhar dessas crianças é desconcertante, perturbador, e Villeneuve sabe disso. Os primeiros cinco minutos dão o mood perfeito ao restante.
O aspecto mais forte desta longa-metragem é a história extremamente dramática e chocante. André Turpin é maravilhosamente eficaz no uso da cinematografia ao longo de todo o filme e isso é claro e evidente aquando do primeiro incidente de Nawal Marwan com um autocarro que a faz mudar completamente o seu objetivo inicial.
E edição é meticulosa e no ponto. Ao mesmo tempo que é dado ao espectador vários planos de transição dividindo a história em capítulos, também é impressionante a capacidade de manter o plano por vários segundos.

Todas as partes deste filme funcionam para mim. Tem um ritmo que é característico dos filmes de Denis Villeneuve (tenso, pesado, intrigante), e consegue apresentar elementos muito interessantes. É um filme extremamente impactante, com cenas muito fortes e com atuações que - por vezes ficando a desejar no que toca a atores secundários - são muito bem conseguidas às custas de Lubna Azabal e Melissa Desormeaux-Poulin.
Denis Villeneuve fez deste filme um bom presságio para as suas obras seguintes. Prisoners, Enemy, Sicario, Arrival e Blade Runner 2049.
Esperemos que o ‘Dune’ nos consiga manter agarrados ao ecrã tal como as suas obras anteriores (agora só em 2021).
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