I'm Your Woman // Análise
- Pedro Mendonça Santos
- 18 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Realizadora // Julia Hart
Ano // 2020
Género // Drama, Crime
Classificação // 7,5:10
Onde ver // Amazon Prime Video
Links // Rotten Tomatoes * IMDb
"Julia Hart revitaliza o género Crime."

‘I’m Your Woman’ é o mais recente filme escrito e realizado por Julia Hart e conta a história de uma mulher, protagonizada por Rachel Brosnahan, que se vê forçada a fugir de casa com o seu bebé após alguns desacatos entre o seu marido e uma gang.
Inicialmente este poderia ser apenas mais um filme de crime que tem como background uma cidade americana durante os anos 70, no entanto, a premissa é bem mais interessante.
Como a própria realizadora constata, filmes de crime são, na sua grande maioria, protagonizados por homens onde a mulher normalmente está presente apenas para apoio ou como mero catalisador para o desenvolvimento da história.
Tendo isso em mente, Julia Hart aborda esta longa pela perspectiva da mulher que necessita salvar-se, dando assim uma nova vida a um género que já se tornou banalizado.
O filme entrou para o catálogo da Amazon Prime Video no dia 11 de Dezembro de 2020 e, apesar de ser um filme de relativo baixo orçamento, é possível ver que houve uma grande atenção ao detalhe.
"Rachel Bronahan entrega uma performance perfeita."
Curiosamente nas longas de crime passadas nos anos 70, há a intenção de mostrar o máximo possível de conflito, desse modo o espectador está completamente ciente do ambiente ao seu redor e do que possivelmente poderá vir a acontecer. A “progressão limitada da história”, onde o que importa é apenas o que acontece a partir do primeiro minuto da longa, tentando não dar qualquer tipo de resposta relativamente ao background do marido, da gang ou de quem são aquelas pessoas, foi uma escolha criativa da realizadora de modo a nos inserir mais eficazmente na mente da protagonista. E é aqui que creio que esteja o ponto mais forte deste filme: nós como espectadores vamos acompanhando a jornada de Jean, a protagonista, e apurando factos à medida que esta também os vai descobrindo, i.e., todos os eventos dinamizadores da história vão surgindo fora do ecrã (como se houvesse um filme a decorrer em background), alheios a Jean, e nós como observadores mantemo-nos em sintonia completa com a personagem.
Deste modo vemos a ruptura com o género tradicional de crime, onde em vez de nos focarmos completamente nos eventos e os testemunharmos em tempo real, somos conduzidos para a personagem que normalmente é vista quase como um adereço e necessitada de resgate.

A forma como a personagem principal foi escrita leva a crer que a partir daquele momento ela vai necessitar de ser fria, corajosa e extremamente focada em resolver os problemas sozinha ou com o mínimo de ajuda. A ideia de donzela em perigo foi atirada completamente ao lixo e, como proposto pela Julia Hart, temos uma personagem bastante presente e forte. Rachel Brosnahan entrega aqui uma performance perfeita e, inclusive, há pela parte da Amazon uma tentativa de a levar às nomeações para os Oscars. Não acredito que isso possa vir a acontecer, mas é definitivamente um bom presságio para mostrar o quão bem ela está neste filme.
Recomendo que vejam este filme. Está disponível na Amazon Prime Video.
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