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Minari // Análise

  • Foto do escritor: Pedro Mendonça Santos
    Pedro Mendonça Santos
  • 4 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

Realizador // Lee Isaac Chung

Ano // 2020

Género // Drama

Classificação // 8,5:10

Estreia // 25 de Março de 2021




‘Minari é a grande aposta da A24 aos Oscars’



'Minari' é a produção mais recente da A24 e grande aposta aos Oscars deste ano; longa-metragem escrita e realizada por Lee Isaac Chung, o mesmo autor que ficará responsável pela adaptação para live-action do fantástico filme de animação japonês 'Your Name'.

Neste filme patrocinado pela minha produtora favorita, acompanhamos uma família de sul-coreanos quando esta tenta a sua sorte numa área rural de Arkansas nos Estados Unidos durante a década de 80.


A expectativa sobre o lançamento deste filme era grande, no entanto, tudo indicava que a A24 iria ter que ceder e lançar este filme para streaming após a devida apresentação em vários festivais de cinema. A distribuição desta longa em países que têm cinemas abertos ainda não está bem definida porque as distribuidoras - alegadamente - dependem do sucesso que este filme possa vir a ter na Academia para justificar o seu lançamento nas grandes salas - fenómeno semelhante sucedeu com 'Farewell'. Do ponto de vista puramente económico faz sentido, visto que esta obra apenas está a ser publicitada nos circuitos internos de cinema e não no mainstream. Projeções no cinema muito provavelmente acompanhar-se-iam de um fracasso de bilheteira, não refletindo a qualidade do filme de Lee Isaac Chung.


A A24, mesmo não tendo este filme ainda disponível para o mainstream, tenta de qualquer forma se eleger para a época de premiações da Academia e começa a distribuir a longa-metragem por críticos e em festivais de cinema digitais. Em Fevereiro há um lançamento limitado em salas de cinema selecionados, mas para Portugal a previsão passa para a última semana de Março.




'Lee Isaac Chung resiste à tentação dos clichés'


Minari é um drama que trata de forma extramamente íntima a luta de uma família que tenta o ‘sonho americano’ durante a década de 80. Na esperança de oferecer à sua família uma vida melhor, Jacob - representado pelo ator Steven Yeun -, acompanhado da sua esposa - representada por Yeri Han - e mais dois filhos, despejam todo o seu esforço na compra de uma fazenda com o objetivo de cultivar legumes tipicamente coreanos.


A premissa para esta história é muito interessante, mas não é necessariamente nova. O que é novo e o que funciona nesta história é a abordagem de Lee Isaac Chung a toda a narrativa. Todos os componentes típicos de filmes com esta temática estão lá: a sensação de não pertença naquele lugar, os olhares estranhos e julgativos, os elementos externos que tentam influenciar as ações dos personagens, as dificuldades de uma família estrangeira, etc. Mas o filme é muito mais que uma história sobre emigrantes a tentar sobreviver numa cidade rural; é o olhar profundo e íntimo sobre uma casa dividida onde todos são dependentes uns dos outros e o que a família está disposta a sacrificar para que superem aquele momento.



O detalhe no desenvolvimento dos personagens e ambiente que os rodeia, permite entregar uma longa madura que aguenta à tentação oferecer clichés ou atalhos que poderiam ter levado a história para outros caminhos menos interessantes. Personagens de apoio que tipicamente tomariam determinados caminhos, aqui agem como seres humanos racionais, crianças que em filmes são tipicamente retratados como ignorantes que só estão ali para cometer erros, em Minari são simplesmente crianças que agem “como crianças” e reagem “como crianças” - tudo isto, portanto, para dizer que o nível de desenvolvimento dos personagens é sensacional.

De ressaltar também a edição pausada e contemplativa, assim como a música de Emile Mosseri que ajuda a elevar esta obra.


Recomento vivamente que esta longa-metragem seja assistida mal tenha oportunidade. É uma excelente obra de Lee Isaac Chung e estou ansioso para ver o que ele consegue entregar para ‘Your Name’.




 
 
 

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