Run (Corre!) // Análise
- Pedro Mendonça Santos
- 24 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Estreia // 26 de Novembro
Realizador // Aneesh Chaganty
Ano // 2020
Género // Thriller
Classificação // 7:10
Links // IMDb * Rotten Tomatoes
"Do mesmo realizador de 'Searching'?
Este é mesmo para ver!"

'Run' - em português ‘Corre!’ - é um thriller realizado por Aneesh Chaganty. Conta a história de uma adolescente com vários problemas de saúde que começa a suspeitar que a sua mãe poderá ter alguns segredos escondidos.
Há dois anos Aneesh Chaganty realizou um dos filmes mais curiosos de 2018 com uma abordagem que se diferencia dos filmes tradicionais, ao contar a história de ‘Searching’ - também um thriller - com a particularidade de toda a história ser acompanhada através do ecrã de um computador e das interações que os personagens têm com este. Um filme que entrega ao espectador uma experiência muito interessante entendendo que, aquilo que poderia ser um entrave criativo ao se limitar a contar uma história desse modo, acabou por ser um ponto positivo de diferenciação e de afirmação do realizador e das suas capacidades.
Tendo ‘Searching’ em mente, fui para este filme com alguma expectativa. Aneesh Chaganty desta vez tira um peso dos ombros e realiza ‘Run’ como um filme mais tradicional, tendo como proposta entregar um thriller mais típico, forte em suspense e mistério.
Entramos nesta história pelo ponto de vista da mãe Diane Sherman, desempenhada por Sarah Paulson, que acaba de dar à luz um recém nascido debilitado. Logo aí temos uma conexão emocional a uma mãe que provavelmente terá que lidar com um filho com problemas de saúde.
Fast foward vários anos e conhecemos a protagonista da história, Chloe Sherman, desempenhada por Kiera Allen; uma adolescente com vários problemas de saúde e de mobilidade. Com várias limitações a nível físico, Chloe vive numa casa com a sua mãe naquilo que, aparentemente, é um ambiente acolhedor e que lhe fornece tudo que esta necessita. Logo de início ficamos a saber que a mãe, apesar de cuidadora, é extremamente protetora e restritiva às liberdades de Chloe; não pode usar a Internet à noite nem fazer chamadas sem a mãe estar presente.

"A partir de determinado ponto é tudo muito previsível."
O tom/mood deste filme é o que creio ser o seu ponto mais forte. Alguns planos que me ficam na memória são realmente muito bem conseguidos, à semelhança da representação de Kiera Allen (que, a título de curiosidade, tem limitações físicas na vida real e necessita de cadeira de rodas tal como no filme), que também está muito bem neste filme.
No entanto - e aí surge o meu problema com esta longa metragem -, esse mood de suspense só se consegue manter até a meio do segundo ato, onde a partir daí já conseguimos entender por onde o script vai e o que os personagens provavelmente irão fazer. A partir de determinado ponto é tudo muito previsível; há uma lógica inerente a filmes de suspense que é possível levar o espectador a saber aquilo que vai acontecer. Essa “lógica” é aquilo que nos deixa a olhar para o ecrã a pensar “hmm… não sei se aquela pessoa faria mesmo aquilo.”; são, por exemplo, decisões muito duvidosas dos personagens e, se não estivermos dispostos a admitir aquelas decisões, a história pode ser complicada de se aproveitar. Creio que por isso, o realizador tendo receio de que o seu filme seja visto como um pouco espectável, entrega um final com um plot twist duvidoso.

De qualquer forma, apesar dos defeitos que o filme mais recente de Aneesh Chaganty possa ter, não deixa de ser uma história intrigante e de certeza que vai agradar quem gosta de um bom thriller.
Era suposto já ter estreado na altura do dia da mãe em Maio, mas apenas agora dia 26 de Novembro terá a estreia em Portugal e, se entretanto já teve oportunidade de ver o filme de produção portuguesa ‘Listen’ (deixo aqui a minha análise), este poderá ser também uma boa experiência.
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